sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Atividade sobre intertextualidade

Observe a letra da canção e, em seguida, faça o que se pede:

Nunca mais poder
Engenheiros do hawaii

Todo mundo é eterno
Todo mundo é moderno
Como um relógio antigo
No underground
No mainstream
Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno
Ontem
Ano passado
Antigamente
Amanhã
Ano que vem
Ano dois mil
Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno
Da boca pra fora
Do fundo do coração

Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno
Como um relógio antigo

(cultura e hora certa pra você)

Todo mundo é eterno
Todo mundo é moderno
Como um relógio antigo
Atrás de brilho e de barulho
Escondido dentro de si mesmo
Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno

Em havana
No Havaí
No Hawaii
Na highway
Malditos
Benditos
Acabados e infinitos
Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno
Quem cura
Quem envenena
Quem gera quem extermina

Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno
Como um relógio antigo

Então? porque este medo de ficar pra trás
De não ser sempre mais
De nunca mais poder?
Então? porque este medo de ficar pra trás
De não ser sempre mais
De nunca mais poder?
Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno
Como um relógio antigo

Todo mundo é eterno
Todo mundo é moderno
Como um calendário do ano passado
Como a Coluna Prestes
As colunas do Niemeyer
Como a Holanda de 1974
Um símbolo sexual dos anos 60
Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno
O papa é moderno
O pop é eterno

Então? porque este medo de ficar prá trás
De não ser sempre mais
De nunca mais poder?

Todo mundo é moderno
Todo mundo é eterno


Obs: Tente procurar e ouvir a execução dessa canção.

1. Aponte e classifique o tipo de intertextualidade.

2. Comente um pouco sobre a importância do intertexto para a garantia de sentido da canção.

3. Faça um comentário crítico sobre o valor semântico do texto fonte e sua relação autualizada na canção.

Alguns exemplos de intertextualidade

intertextualidade estilística:

Oração do internauta

Satélite nosso da cada dia

Acelerado seja o vosso link

Venha a nós o vosso hipertexto

Seja feita a vossa conexão

Assim no real como no virtual.

O download nosso de cada dia nos dai hoje

Perdoai o café sobre o teclado

Assim como nós perdoamos os nossos provedores.

Não nos deixei cair a conexão

E livrai-nos do vírus.

AMEM!



Como podemos observar acima, há uma paródia da oração "pai-nosso", caracterizada como intertextualidade estilística.


Intertextualidade implícita:

Leia a letra da canção "Hora do mergulho" da banda engenheiros do hawaii:

Feche a porta, esqueça o barulho
feche os olhos, tome ar: é hora do mergulho

eu sou moço, seu moço, e o poço não é tão fundo
super-homem não supera a superfície
nós mortais viemos do fundo
eu sou velho, meu velho, tão velho quanto o mundo

eu quero paz:
uma trégua do lilás-neon-Las Vegas
profundidade: 20.000 léguas
"se queres paz, te prepara para a guerra"
"se não queres nada, descansa em paz"
"luz" - pediu o poeta
(últimas palavras, lucidez completa)
depois: silêncio

esqueça a luz... respire o fundo
eu sou um déspota esclarecido
nessa escura e profunda mediocracia


Na letra da canção há a presença do intertexto "se queres paz, te prepara para a guerra", retomada de um famoso ditado romano: si uis pacem, para bellum, que, em uma tradução livre seria: "se queres paz, prepara-te para a guerra".

Diálogo III

ESTUDO DA INTERTEXTUALIDADE

BREVE INTRODUÇÃO:
O capítulo 9 do livro Introdução à Linguística Textual analisa, de forma restrita, o assunto Intertextualidade, teoria que nasceu no interior dos estudos literários, mas que hoje vem sendo amplamente estudada pela Linguística Textual. De acordo com Igedore Koch, grosso modo, Intertextualidade é a “presença do outro naquilo que dizemos ou escrevemos” (Koch, p.145). Essa “presença do outro” é constitutiva do discurso, isto quer dizer que a Intertextualidade é um fenômeno característico do discurso, já que tudo o que dissemos ou iremos dizer não é de todo inédito.
A Intertextualidade em sua forma mais ampla, isto é, lato sensu, confunde-se com polifonia (presença de vozes diversas no discurso), porém, a Intertextualidade strictu sensu – analisada por Igedore Koch – é validada pela presença do Intertexto.
Koch detêm-se ao estudo da Intertextualidade stricto sensu analisando sua importância para a construção de sentidos no interior de um discurso. Para melhor alcançar este fim, Koch permitiu-se a estudos tipológicos da Intertextualidade, isto é, observando e catalogando os principais tipos de ocorrência e sua importância para a garantia de coerência textual.
A Intertextualidade stricto sensu ocorre quando, em um texto, está inserido outro texto (intertexto) anteriormente produzido, que faz parte da memória social de uma coletividade ou da memória discursiva (domínio entendido de referência cf. Garrot, 1985) dos interlocutores. Isto é, em se tratando de Intertextualidade stricto sensu, é necessário que o texto remeta a outros textos ou fragmentos de textos efetivamente produzidos, com os quais estabelece algum tipo de relação. ( KOCH, p. 145- 146)
No volume Introdução à Linguística Textual, a autora Koch faz apenas menção aos diversos tipos de Intertextualidade, assunto que ela desenvolve com maior critério e minúcia no volume Intertextualidade: diálogos possíveis, com a co-autoria das autoras Anna Cristina Bentes e Mônica Magalhães Cavalcante. Adentraremos em breve à análise da tipologia intertextual, cabe-nos, antes, uma pequena ressalva: além dos diversos tipos de intertextualidade, Maingueneau acrescenta aos estudos da Intertextualidade os conceitos de “captação” e “subversão”. A captação ocorre quando o autor do texto deseja corroborar com o intertexto, ou seja, quando ele concorda com a “voz” do texto fonte; já a subversão, como o próprio nome sugere, ocorre quando, ao contrário, o autor do texto é contrário à voz do texto fonte. Mais adiante listaremos aqui alguns exemplos dessa ocorrência.
Intertextualidade temática
Comecemos a análise da tipologia intertextualidade temática com a insubstituível definição das autoras Koch, Bentes e Cavalcante:
“A intertextualidade temática é encontrada, por exemplo, entre textos científicos pertencentes a uma mesma área do saber ou a uma mesma corrente de pensamento, que partilham temas e se servem de conceitos e terminologias próprios, já definidos no interior dessa área ou corrente teórica...” (KOCH, BENTES e CAVALCANTE, 2007, P. 18)
As autoras, além dessa definição, listam ainda uma série de condições discursivas propícias para a ocorrência desse fenômeno. A análise da intertextualidade temática é concluída pelas autoras com a exposição de alguns exemplos apreendidos por elas: é o caso do tema de Medéia de Eurípedes, que é retomado na peça A gota d’água, de Chico Buarque.

Intertextualidade estilística

“A intertextualidade estilística ocorre, por exemplo, quando o produtor do texto, com objetivos variados, repete, imita, parodia certos estilos ou variedades linguística...”



Intertextualidade explícita

De forma ampla, temos a intertextualidade explícita quando, no próprio texto em que é observada a intertextualidade, encontramos a referência do texto fonte. Como analisam as autoras:
“É o caso das citações, referências, menções, resumos, resenhas e traduções; em textos argumentativos, quando se emprega o recurso à autoridade; e, em se tratando de situações face-a-face, nas retomadas do texto do parceiro, para encadear sobre ele ou contraditá-lo, ou mesmo para demonstrar atenção ou interesse na interação”



Intertextualidade implícita

Há um caso de intertextualidade implícita quando, por um determinado motivo, o autor do texto em que a intertextualidade é observada não “credita” a referência do texto fonte. Muitas vezes o autor do texto espera ou acredita que a intertextualidade seja captada, nesses casos, a apreensão do intertexto torna-se, como afirmam as autoras, “crucial” para o entendimento do texto como um complexo coeso.
Temos a intertextualidade em caso de “captação” e de “subversão”. Sobre esses dois conceitos já comentamos acima, portanto, não nos tornaremos redundantes. Cabe-nos, apenas, uma pequena ressalva: há casos em que a captação de um texto fonate pode ser classificada como um crime; estamos falando do plágio.
(Aqui, utilizar algum dos exemplos de um sábado qualquer)